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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012




"Em cada disputa, um momento para confraternizar"


Em 2012, em 2000 e muitos que tenhamos sempre um momento bom para confraternizar com nossos amigos tradicionalistas durante as várias competições em que participamos.
Essa era a proposta memorável da Sra. Odila Savaris, a qual tive o prazer de "tchacolar" (como uma autêntica italiana gosta de dizer), sobre o tema escolhido por ela, para ser proposto durante o 59º Congresso Tradicionalista em Pelotas.
Quero aqui registrar meu carinho, meu agradecimento e reconhecimento à esta grande mulher que muito contribui para o desenvolvimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho.
Sua proposta, embora também exprimisse uma grande necessidade do movimento, deu lugar aquilo que, talvez, o tradicionalismo mais necessitasse atualmente, dar atenção especial às nossas entidades e ajudá-las a se reerguer abraçando nossa família tradicionalista.
No entanto, não iremos esquecer da rica contribuição que este tema pode nos legar, pois é visível em muitas atividades em que competimos entre entidades ou individualmente que o verdadeiro sentido de estarmos ali está se perdendo.
Poucas são as pessoas que conseguem administrar uma disputa saudável, sabendo separar a amizade da concorrência, esquecendo-se que a verdadeira causa de estar ali é a a perpetuação das nosas tradições e não a busca da satisfação pessoal.
Nesse sentido, observemos o que nos diz a Carta de Princípios em seu inciso 12: Evitar todas as formas de vaidade e personalismo. Este ítem, no faz  entender que o objetivo do Movimento não é promoção de pessoas ou entidades com fulcro em "ser", ser o grupo que mais ganhou no ENART, ser peão do estado, ou ser a melhor das prendas do estado, ser campeão de chula, ser, ser, ser...
 o mundo está voltado para o "ser" e as pessoas acabam por esquecerem de onde vieram e quem já se tornaram na busca incessante por ser, ser algo mais, ser algo almejado por todos, ser popular, ser o foco, o centro das atenções.
E onde fica a razão, a causa, o verdadeiro propósito de cultivar nossas tradições?



As disputas foram feitas para aperfeiçoar a capacidade das pessoas e tornar mais atraente e ao mesmo tempo dar mais qualidade a uma atividade.
Porém, disputar não significa vencer sempre, disputar também pode significar confraternizar e aprender com essa disputa, aprender com os erros e com os acertos e, mais do que isso, usar de tudo aquilo que uma disputa saudável pode nos fornecer para tornarmos melhores naquilo que sabemos fazer.
Ao longo desses muitos anos no tradicionalismo, disputei muitas vezes e em várias áreas, mas nem sempre venci. Porém, em todas elas pude adquirir amizades de uma vida, experiências que me levaram a escolha da minha profissão e um aprendizado que me fez buscar pelo melhor que existe em mim como prenda, como dançarina, declamadora, professora e acima de tudo como ser humano.
Neste ultimo ano, disputei, aprendi e vivi e quando achei que perdia, ganhei e como todos as pessoas, com sentimentos perfeitamente humanizados, por vezes, até me culpei, mas um dia parei e me perguntei:
"O que me levou a participar do tradicionalismo?"
Então, comecei a lembrar da minha família e quantos amigos e quantos momentos bons nós todos vivemos na alegria de participar de uma entidade. Lembrei de quando começamos nos rodeios campeiros, onde todos laçavam não importando se eram bons ou ruins, novos ou velhos, o que importava era estar junto com os amigos e com a família, fazendo de um laço um sonho, um sonho para não mais acordar.
E quando me vinham momentos difíceis, lembrei do Vô que sempre diz "dia à dia as coisas melhoram, minha filha", lembrei da mãe que sempre me apoiou e nunca me deixou dexistir e muito menos me incentivou a ser arredia com meus concorrentes, pelo contrário, muitos foram os grandes concorrentes que se tornaram maiores amigos meus.
E, ainda, lembrei da Vó que comemorava com todas as minhas vitórias, me doando o melhor abraço do mundo e os  parabéns, mesmo quando eu voltava sem prêmios para casa.
Não pude esquecer das várias invernadas, as quais participei, mas uma em especial chamada "Os tangarás", jovens e experientes dançarinos reunidos pelo amor a dança, os quais vinham bagunçando na volta pra's casa mesmo sem galgar premiações e recordei do meu "Gaudério", que traz por lema um sentimento que faz amar, bonito sentimento, que nos reúne até hoje, baixando a cabeça e enfrentando o recomeço, mas nunca esquecendo porque estamos reunidos.
E depois de lembrar de todos esses momentos, posso concluir que é um amor maior que faz as pessoas se unirem na dança, formarem amigos na declamação, na chula, no intérprete, em qualquer modalidade.
 É esse amor que não podemos deixar se apagar pela sede da vitória.
Em 2012 e para sempre, que tenhamos humildade e respeito pela vontade de vencer de cada um, mas que jamais passemos por cima dos nossos amigos e companheiros de causa para alcançar nossos próprios objetivos, antes de qualquer coisa somos irmãos por parte de Deus e se ele nos uniu, quem somos nós para desfazer a vontade do Patrão das alturas?!
Um abraço especial a minha amiga Luna Conrad a terna prenda que o Rio Grande escolheu e que Deus me deu o pazer de compartilhar de sua companhia desde a 36º Ciranda Cultural de Prendas em Santo Ângelo (2006), na categoria juvenil, e, também, a Juliana Oliveira que nesta mesma oportunidade pude conhecer como amiga querida que és.
Depois, posso citar minha célebre parceira dos palcos da declamação Julia Graziela Azambuja, todo o meu carinho para esta expoente da poesia gaúcha.
E por fim, não menos importantes, os Negos (Prendas e Peões do RS), os quais formam o grupo mais exemplar de que a disputa pode unir as pessoas por uma vida, mesmo que elas sejam diferentes!



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